Momento Especial e o Medo do Cabra Cabrês
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(Para ler esse texto em inglês acesse os textos do Filhas e Filhos no site do Hand in Hand Parenting)
Acabei de usar uma técnica do Hand in Hand Parenting, chamada Momento Especial (Special Time). A ideia é dar total atenção a uma criança e permitir que ela escolha o que quiser fazer dentro de um limite de tempo estabelecido por um adulto. Eu estabeleci o tempo de 15 minutos e disse para a Luna: “O papai vai correr agora e quando eu voltar vou tomar banho e comer meu café da manhã. Depois disso eu terei 15 minutos para fazer um Momento Especial com você. Você pode escolher o que quiser fazer aqui em casa e eu farei só com você.” Na hora do momento especial pedi para a Regiane ficar com o Leo, pois cada um deve ter seu momento especial sozinho, sem que o adulto divida a atenção com outra criança, com outro adulto ou com celular, computador, telefone. Leo chorou e disse que queria brincar também. Eu disse que faria um Momento Especial com ele depois que acabar o tempo da Luna.
Luna me convidou para jogar um jogo de cartas da maneira que ela inventou. Ela ganhou uma cartas com figuras e números e disse que deveríamos desenhar em volta das figuras. Ela pegou um lápis cinza e eu perguntei o que eu deveria fazer. Ela explicou que era para eu pegar um lápis como o dela. Peguei um lápis de cor e mostrei para ela. Luna disse: “Não, esse é mais grosso. Você tem que pegar um igual ao meu.” Nessa hora é muito importante checar com a criança se estamos fazendo exatamente o que ela quer. Ficamos desenhando nas cartas por alguns minutos. Ela se cansou e disse que queria balançar no sling e depois disse: “Não, eu quero ser bebê!” Isso é uma brincadeira que fazemos na qual ela entra no sling como se fosse um bebê. Ajudei Luna a entrar e perguntei o que ela queria que eu fizesse. Ela disse: “Primeiro você balança fraco, depois médio, depois forte e depois com rapidez!” Comecei balançando fraquinho e fui seguindo suas instruções: “Agora médio”, “Agora forte”, “Agora rapidez”. Ela estava gostando muito de ir rápido e disse: “Parece que eu estou em uma cama voadora”. Fiquei balançando Luna por vários minutos. Depois ela pediu para parar. Então falou: “Vamos montar uma torre bem grande?”. Eu disse com entusiasmo: “Vamos!” Na hora do momento especial é importante que você se entregue e transmita todo amor e empolgação possíveis. Começamos a montar uma torre com aqueles blocos de madeira que já existiam na minha época. Deixei que ela dirigisse a brincadeira e fui montando junto, fazendo exatamente o que ela queria.
Em um determinado momento Luna disse: “Será que o Cabra Cabrês consegue entrar nesse castelo?” Há duas semanas fomos a uma sessão de contação de histórias e uma das histórias contadas era sobre um bicho grande e feio que invade a casa das pessoas quando elas não estão. Na história, a mãe sai de casa e pede para o filho ficar lá dentro, mas o filho decide ir brincar na floresta e quando volta o Cabra Cabrês tinha trancado ele para fora de casa. Toda vez que o menino ou um animal amigo do menino tentavam entrar, o Cabra Cabrês dizia com uma voz terrível: “Eu sou o Cabra Cabrês. Pra cima de ti, te parto em três!” Não vou entrar na discussão sobre se essa história é apropriada para uma criança de 4 anos, mas o fato é que ela ouviu e trouxe durante nosso momento especial. Segundo a Patty Wipfler, fundadora do Hand in Hand Parenting, as crianças utilizam o Momento Especial para trazer conteúdos que possam estar incomodando. Dito e feito. Pelos próximos minutos, Luna ficou falando sobre o Cabra Cabrês. “Acho que ele não consegue entrar aqui. Se ele quiser, podemos deixar ele só espiar. Se ele quiser entrar, vamos falar que o castelo ainda não está pronto e ele vai embora.”
A minha atenção integral fez com que ela sentisse segurança para trazer um tema difícil para ela. Ela estava com medo e se esse medo fica dentro dela, atrapalha seu dia a dia. Na correria, mesmo quando estamos com nossos filhos, muitas vezes não estamos realmente. Nossa cabeça está em outro lugar e isso se traduz em pequenos gestos, olhares, movimentos que são captados e interpretados pelas crianças mais ou menos dessa forma: “não vou me abrir meu coração e falar de algo difícil para alguém que não está prestando atenção.” Basta imaginar aqueles momentos onde você está angustiado com alguma coisa e precisa conversar com alguém, mas justo a pessoa na qual você mais confia está com olhos grudados na televisão, mas diz: “Pode falar, eu estou ouvindo….” Impossível se abrir para alguém nessas condições.
Tudo o que precisei fazer foi dedicar 15 minutos integralmente para minha filha. Além de ajuda-la a expressar um medo, sei que aumentei a confiança dela em mim. Isso é um círculo virtuoso. Quanto mais ela confia em mim e se abre, mais sinto vontade de proporcionar esses momentos para ela.
É importante terminar dizendo que o fato dela ter falado sobre o medo, não significa que ela conseguiu extravasa-lo. Mas agora eu posso ficar atento e ajuda-la a colocar essas emoções para fora através de boas gargalhadas durante uma brincadeira onde posso fingir que sou o Cabra Cabrês e deixar que ela me derrube ou me expulse da casa. Não sei como será. Cenas do próximo capítulo.
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Marcelo, infelizmente o trabalho me consumiu em demasia nos últimos tempos e não consegui entrar para responder um comentário seu sobre minha resposta. Bem informo que com certeza tenho interesse em saber mais e participar de cursos sobre o hand in hand, mas, nesse momento não confio muito no meu inglês para fazer o mesmo online direto no site. Sobre o preço, vou pelo menos entrar no site, para ter uma ideia do planejamento das 6 semanas e enteder se acho tranquilo o preço.
Gostaria da sua ajuda, pois, as vezes o Lucas (4 anos), tem seus momentos de ficar chatiado com certas situações. Por exemplo, outro dia ao tirar o tenis com muito intusiasmo, o mesmo, acabou voando e batendo na Renata. Ela teve um momento de dor e comentou com ele para ter cuidado que podia machucar quando o tenis batia na gente.
Depois conversei com ele falando para ir nela dar um beijo onde tinha batido o tenis e pedir desculpas, mas, a reação dele foi ficar retraido e assim subir na cama e deitar a cabeça entre as mãos, meio que se “escondendo”. Tentei conversar com ele mais um pouquinho e explicar que havia sido sem querer e assim era só falar com a Renata pra dar um beijo e pedir desculpas, mas, minhas tentativas se mostravam em vão e ele continuava retraido.
Acabei deixando ele ter o tempo dele e não ficar insistindo mais nesse ponto. Depois de um tempo, após nos termos jantado e tal ele veio me contar que havia pedido desculpas e dado o beijo nela.
Minha questão é entender melhor como lidar com ele nesses momentos em que algo se desconecta e minha tentativa de mostrar uma saída acaba deixando ele retraído e nesses momentos ela não fala nada fica só quieto na dele ouvindo mais não interagindo sem respostas.
Agradeço a ajuda e atenção.
Grande abraço.
Quando crescer quero ser igual a você !!
É muito legal ler seus posts mesmo tendo mergulhado no mundo mágico de margarita Valença ainda estou tão distante dele ! Parabéns por se permitir tanto e por nos expressar isso tbem com carinho fe